A Unidade Funcional de Arganil da APPACDM de Coimbra, é impulsionada pelo professor Jorge Santos. A mesma “procura envolver toda a comunidade local”. Por Bernardo Almeida Henriques
O embrião da iniciativa nasceu por intermédio de Mariana Santos, uma estagiária da instituição que, no âmbito do seu plano de estudos, deu corpo ao seu projecto final do 12º ano. O professor Jorge Santos aproveitou a oportunidade para materializar a missão cívica e social da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Coimbra (APPACDM de Coimbra). O mesmo ao “utilizar o meio ambiente como alavanca” e, mediante sondagens realizadas pela estagiária junto de empresas locais, procurou inteirar-se dos apoios que o empreendimento poderia ter.
Segundo Jorge Santos, o objectivo deste programa compreende um plano de “aquisição”. Este, consiste no armazenamento, prensagem e acomodamento de materiais recicláveis ”provenientes da prestação de serviços da instituição”. A limpeza da via pública, de condomínios, são exemplos de serviços remunerados que visam integrar na sociedade os cidadãos portadores de deficiência mental. A demanda assume particular relevância pelo facto da Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos e Urbanos em Aveiro e Coimbra (ERSUC) “não está a dar vazão” à recolha dos materiais em questão, afirma o professor.
A iniciativa ArgusRecycling – Intervenção Ambiental procura envolver toda a comunidade local escolas e empresas, salienta Jorge Santos. O serviço conta com o apoio da Câmara Municipal de Arganil que se regozija pelo facto de “poupar custos” ao nível da recolha de lixos e resíduos. Contudo, o professor Jorge Santos indica que a grande base de suporte provém da Fundação Montepio que permite à Unidade Funcional de Arganil ter “uma prensa que, neste momento, produz fardos na ordem dos 100 quilos”. Refere ainda outros apoios, como por exemplo a empresa LOUSÃTEXTIL.
ArgusRecycling, um modelo para o futuro:
O promotor da ArgusRecycling considera que o projecto pode transformar-se num modelo de amplitude nacional. Para o efeito aposta na divulgação da missão ao desenvolver um site com o contributo de um jovem de um curso profissional que vai realizar a Prova de Aptidão Profissional (PAP), com a APPACDM. Este jovem vai ficar responsável por todos os conteúdos relacionados com “informação, imagem e multimédia”, informa Jorge Santos.
De acordo com o professor, num âmbito mais geral, o maior desafio que a APPACDM enfrenta no combate à exclusão social é o habitual preconceito que “o cidadão com deficiência intelectual não produz, é uma pessoa que não tem competências”. Importa inverter esta ideia porque na óptica de Jorge Santos existem tarefas adequadas ao perfil dos cidadãos portadores de deficiência mental, que lhes permitem ser produtivos. E salienta “sozinhos mudamos vidas, mas juntos mudaremos a sociedade”.